Categoria: Gado de Leite

Como reduzir os custos de produção de leite nas propriedades leiteiras?

Data: 23/11/20

Autor: Thais Camargos

Entender a necessidade da gestão econômica, o que compõe o custo da produção do leite e como cortar gastos na sua propriedade é fundamental para garantir a sustentabilidade na fazenda. Neste texto você verá isto e muito mais, entendendo como reduzir os custos de produção de leite! 

Gestão econômica na rotina das fazendas

Apenas realizando a gestão econômica da sua fazenda você saberá se está ganhando bem. É muito importante alinhar os indicadores zootécnicos e os econômicos. 

Em muitas situações o “ótimo econômico” e o “ótimo produtivo” nem sempre caminham juntos, você deve buscar o ponto de equilíbrio entre eles.

Por onde começar?

A coleta de informações é o primeiro passo. Anote e classifique cada receita e cada despesa que estão diretamente relacionadas à produção. Você pode considerar a data da venda ou da compra. 

Para quem está começando a fazer esse tipo de controle, as anotações podem ser feitas em fichas impressas, livro caixa, planilhas no computador ou em softwares de gestão, como o Prodap smartmilk.

Gestão financeira Smartmilk

Após uma coleta de dados bem-feita, você pode analisar e interpretar os dados, assim como também pode iniciar um planejamento econômico para sua propriedade.

Diferença entre fluxo de caixa e custo de produção

Antes de falar sobre a redução dos custos, precisamos reforçar dois conceitos, o de fluxo de caixa e o de custo de produção.

Fluxo de caixa: são as entradas e saídas (receitas e despesas) de recursos e produtos da fazenda, ou seja: tudo o que gera desembolso ou que é uma entrada. O fluxo de caixa diz muito sobre a saúde financeira da fazenda. Normalmente é avaliado mensalmente. 

Custo de produção: é a soma dos valores de todos os recursos e operações utilizados no processo produtivo. O ideal é fazer análises em períodos mais prolongados (anualmente, por exemplo) para evitar efeitos de sazonalidade. O custo de produção retrata uma realidade passada, mas que é fundamental para planejar o futuro. 

Vamos usar de exemplo o plantio de culturas anuais. No fluxo de caixa, serão contabilizadas as despesas do plantio, dos tratos culturais, entre outros, conforme o pagamento das despesas. Já no custo de produção será contabilizado o custo conforme o consumo do volumoso. 

Três pilares fundamentais para a lucratividade de fazendas de leite

  1. Preço do leite
  2. Custo de produção
  3. Escala de produção

O preço é determinado por variáveis “da porteira para fora”. Ou seja, o produtor tem pouca influência sobre o preço. Já o custo e a escala de produção podem ser controlados “da porteira para dentro”. 

A maioria das variáveis que influencia esses dois pontos estão na mão do produtor e podem ser otimizadas. O custo do leite tem uma interferência muito maior do que o preço do leite sobre o resultado da atividade.

O “custo do leite” sozinho não nos diz muita coisa. Precisamos identificar todos os componentes que interferem no valor final e aí sim é possível tomar decisões mais estratégicas.

Composição dos custos

Novamente precisamos estabelecer as definições de alguns conceitos:

Custo de produção: soma dos recursos e das operações utilizados no processo produtivo. Nessa conta entram também insumos e serviços. Eles se dividem entre custos variáveis e fixos.

Custos variáveis: são os itens de custeio, utilizados dentro de um mesmo ciclo produtivo. O produtor tem controle sobre eles e pode aumentar ou diminuí-los no curto prazo. Uma característica importante deles é que variam de acordo com a escala de produção. 

Imagine a seguinte situação: você possuía ano passado 70 vacas em lactação e gastava aproximadamente R$ 2.000,00 todo mês com medicamentos. Neste ano, seu rebanho aumentou para 100 vacas em lactação. Provavelmente o seu gasto com medicamentos também aumentou, certo? 

Podemos citar como exemplos de custos variáveis: energia elétrica, concentrado e medicamentos. 

Custos fixos: ao contrário dos custos variáveis, estes não se alteram facilmente no curto prazo e nem se limitam a um único ciclo produtivo. Estes custos existem mesmo que o recurso não esteja sendo utilizado e não estão sob o controle do produtor.

Sabe aquele barracão abandonado na fazenda? Pois é, ele representa um custo para a atividade leiteira mesmo que não esteja sendo usado nos últimos anos. 

Além disso, os custos fixos permanecem inalterados por um curto prazo e não dependem do nível de produção. 

Exemplos: depreciação e mão de obra familiar.

Os custos podem ser desdobrados em:

Custo operacional efetivo (COE): engloba todos os custos variáveis. Como corresponde aos desembolsos, normalmente é aí que o produtor de leite “vê o dinheiro saindo”. 

Custo operacional total (COT): compreende todos os custos variáveis (COE) mais as depreciações e mão-de-obra familiar.

Custo total (CT): é o COT acrescido do custo de oportunidade do capital investido.

Preciso cortar os custos, e agora?

Muita gente acredita que eficiência e eficácia são a mesma coisa. Eficácia nada mais é do que atingir o resultado desejado. Eficiência tem a ver com a melhor utilização dos recursos para atingir o resultado desejado. 

Você pode ser um produtor de leite eficaz sem ser eficiente e vice-versa. E o importante é produzir com eficiência!

Para melhorar eficiência na atividade leiteira, precisamos aumentar a produtividade. Muitos produtores de leite, em determinado momento, sentem a necessidade de cortar custos. 

Alguns optam por cortar a assistência técnica, trocam sal mineral por sal branco, reduzem a quantidade de concentrado oferecida sem nenhum embasamento técnico, entre outros. 

São cortes ineficazes por várias razões. A assistência técnica, por exemplo, normalmente representa R$ 0,01 no custo do leite e pode trazer inúmeros benefícios para o produtor. 

Essas medidas desesperadas dão a falsa sensação de que as contas vão se equilibrar no final do mês e que vai sobrar um dinheirinho no caixa. No curto prazo pode ser que o produtor realmente sinta uma diferença, mas pensando em longo prazo, podem complicar ainda mais a situação do produtor. 

Muito cuidado! Quando falamos em “cortar custos”, devemos ter muita cautela e saber exatamente o que precisamos priorizar. 

Identificar oportunidades e saber priorizar!

Quando a margem bruta da atividade está negativa, devemos priorizar alguns itens, como concentrado, mão de obra e volumosos. Juntos, estes três itens são os que mais impactam nos custos variáveis e, consequentemente, no fluxo de caixa. Somados, podem representar até 70% do custo de produção total. 

Custo da produção de leite

Os itens volumosos e concentrados são os menos complicados de se trabalhar e estão ligados à flexibilidade do sistema de produção. Um produtor que é mais flexível e se adapta melhor tem, com certeza, maiores chances de permanecer na atividade.

Para ajustar o fluxo de caixa, devemos realizar ações sobre receitas e despesas, principalmente as despesas diretas. As receitas devem ser suficientes para, pelo menos, cobrir as despesas no curto prazo. 

Na pecuária leiteira, a escala de produção é fundamental, principalmente para diluir os custos fixos, mas nem sempre aumentar a escala é uma saída para a crise. Imagine um produtor trabalhando com uma margem bruta negativa e com muitos custos altos e desnecessários. Se ele apenas aumentar a escala e manter os mesmos custos, ele só vai piorar a situação. 

Nem sempre gastar pouco é melhor. Gastar mais também não adianta. Então o importante é ter equilíbrio nos custos. 

Estratégias para equilíbrio de gastos com concentrados

Os tópicos abaixo podem te guiar na hora de avaliar os seus gastos com concentrados.

  • Genética: vacas de maior produção tendem a ser mais eficientes, diluindo o custo do concentrado por litro de leite.

  • Qualidade do volumoso: quanto melhor for o volumoso produzido na fazenda, menor a necessidade de utilização de concentrado. 

  • Utilização de subprodutos: converse com seu nutricionista sobre o assunto, existem muitos subprodutos de qualidade que podem ser incluídos na dieta.

  • Utilização de concentrados de maneira racional: dessa forma, as exigências dos animais são atendidas e não há desperdícios.

  • Controle leiteiro: com a produção individual em mãos fica mais fácil para seu nutricionista separar os lotes e formular dietas adequadas para cada um.

  • Compras estratégicas de insumos: as compras realizadas em um momento mais viável são, sem dúvida, uma ajuda muito grande para reduzir os custos com a alimentação

Volumosos: como priorizar quantidade e qualidade?

O volumoso é fundamental na dieta dos ruminantes, mas nem sempre está em quantidade e qualidade suficiente. 

Os volumosos estão entre os itens que mais interferem nos custos de produção do leite. Especialistas afirmam que os gastos com volumosos não devem ultrapassar 10% da receita. Alguns produtores conseguem flexibilizar e ajustar os custos de acordo com a receita.

De maneira geral, a produtividade dos volumosos está intimamente relacionada com a produtividade da terra.

Eficiência da mão de obra

Os custos com mão de obra não devem ultrapassar 15% da receita total. Fazendas eficientes comprometem até 10% em gastos com mão de obra contratada. 

Um bom indicador para produtividade de mão de obra é litros/dia/pessoa e um bom valor de referência é 400-500 litros/dia/pessoa. 

Suponhamos que uma fazenda produza 2.000 litros/dia. Tendo em vista os valores acima, o ideal é que a fazenda tenha de 4 a 5 colaboradores envolvidos na atividade leiteira.

Para obter mais eficiência de mão de obra, precisamos também de um bom líder que mantenha um bom relacionamento com a equipe, que cultive respeito mútuo e que ofereça treinamento e capacitação aos colaboradores.

A produtividade das vacas em lactação também compromete a eficiência da mão de obra. Estudos indicam que em rebanhos com média inferior a 15 litros/vaca o indicador que mais interfere é a produtividade. 

Então a produtividade das vacas em lactação é um ponto de atenção para quem deseja reduzir os custos da atividade.

Onde mais podemos agir?

Seguindo modelos de referência, energia e combustível devem comprometer no máximo 5% do COE e medicamentos, também devem comprometer no máximo 5%.

Devemos também combater desperdícios e eliminar tudo o que não gera valor para a atividade.

Alimentos e insumos armazenados de maneira incorreta também podem contribuir muito com o desperdício, por exemplo, uma certa quantidade de polpa cítrica que mofou por falhas na armazenagem do produto. Nesse caso, o produtor teve um gasto para comprar o produto e não conseguiu utilizá-lo, sendo que o desperdício poderia ter sido evitado. 

Esse raciocínio vale também para a armazenagem de medicamentos, vacinas, produtos de limpeza para ordenha entre outros. Na foto abaixo, as vacinas estavam armazenadas em uma geladeira desligada.

Geladeira vacinas

Talvez a dica mais valiosa para quem quer reduzir custos seja: tenha na ponta do lápis todas as contas da sua fazenda. 

“O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado” (William E. Deming).

Sem anotações e apontamentos, é impossível se orientar na hora de reduzir os custos.

Tenha em mãos um sistema confiável para te ajudar a controlar suas receitas e despesas e para te auxiliar na tomada de decisões. 

O Prodap Smartmilk é o Software de gestão da pecuária leiteira que ajuda o produtor a tomar decisões baseadas em dados concretos e que mostra os resultados de maneira simples, integrando os dados zootécnicos do programa com os econômicos. 

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