Categoria: Gado de Leite

Vacas, novilhas e bezerras: qual a composição ideal dos rebanhos de gado de leite?

Data: 22/04/21

Autor: Marketing

Você já imaginou que pode ter uma quantidade de animais da mesma categoria sem necessidade?

Para uma boa estrutura de rebanho, é imprescindível uma divisão dos animais da fazenda por categoria, sendo as vacas em lactação, vacas secas, machos, novilhas e bezerras que compõem o rebanho tipicamente. Essa separação é essencial para reduzir os custos e oferecer para cada categoria o que realmente necessitam. 

É muito importante conhecer a composição do rebanho, tendo em vista que tem uma influência direta sobre:

  •       Número de animais em produção
  •       Produção total de leite da propriedade
  •       Resultado financeiro do sistema produtivo

Com um rebanho desestruturado, além de ter uma baixa produção de leite, terá custos elevados para a manutenção dos animais improdutivos.

composição do rebanho leiteiro

Mas o que são vacas em lactação, vacas secas, novilhas e bezerras?

Vaca em lactação: são aquelas que estão no período pós-parto, em que o animal produz maior quantidade de leite para alimentar os bezerros e, consequentemente, aumenta a produção da fazenda. Nesta fase, é importante que o produtor forneça boas condições para que elas se recuperem rápido e também para certificar que a saúde e a produção do gado de leite estão em dia.

Vacas secas: essa expressão refere-se a vacas que não estão no período de lactação.

Novilha: são fêmeas bovinas que ainda não tiveram uma gestação, depois que ela tiver um bezerro torna-se uma vaca.

Bezerra: é a cria que ainda está em fase de amamentação.

Agora, voltando ao assunto da composição do rebanho de gado de leite…

Quem paga as contas da fazenda são as vacas em produção, então quanto mais gado de leite tiver, melhor. Na mesma linha de raciocínio, quanto antes as novilhas parirem, mais vacas em lactação terá no rebanho e maior será a rentabilidade.

Um rebanho composto por 10 animais, mas apenas 1 vaca em lactação, rende menos que um rebanho composto por 10 animais, sendo que 5 estão em lactação, mesmo que os custos de uma vaca em lactação sejam maiores.

Indicadores para monitorar a estrutura do rebanho

Os dois principais indicadores para monitorar a composição do rebanho leiteiro são:

  •       Porcentagem de vacas em lactação em relação ao total de vacas no rebanho (%VL/VT);
  •       Porcentagem de vacas em lactação em relação ao total de animais do rebanho (%VL/RT).

O Smartmilk, software de gerenciamento das atividades de pecuária leiteira, mostra este dado de forma fácil, permitindo uma análise clara e comparativa da quantidade total de vacas e das que estão em produção na fazenda.

composição do rebanho

Esses indicadores sofrem interferência, principalmente, de dois índices zootécnicos: Intervalo entre Partos (IP) e Período de Lactação (PL). O período de lactação (PL) corresponde ao tempo passado desde o parto até o final da lactação ou a secagem. O ideal é que este período seja de 305 dias ou 10 meses.

Já o Intervalo entre Partos (IP), é o tempo compreendido entre dois partos consecutivos de uma mesma vaca. O ideal é que seja de 12 meses, garantindo que na propriedade tenha 1 parto por vaca por ano.

A relação entre esses dois índices pode nos contar qual a relação entre vacas em lactação e o total de vacas do rebanho no ano, veja:

% VL/VT = PL / IP x 100

ou seja

% VL/VT = 10/12 x 100

% VL/VT = 83%

Isso significa que se tivermos 100 vacas no rebanho com os índices de IP e PL ideais, o esperado é que 83 vacas estejam em lactação.

Na tabela a seguir, podemos identificar a porcentagem de vacas em lactação no rebanho por ano em função do período de lactação (PL) e do intervalo de partos (IP):

tabela de composição do rebanho

Fonte: Embrapa

Analisando esta tabela, podemos inferir que quanto menor o Período de Lactação (PL) e maior o Intervalo entre Partos (IP), menor será a relação de vacas em lactação em relação ao total de vacas do rebanho, causando grandes prejuízos para a propriedade.

Isso reforça a necessidade de um bom manejo nutricional, reprodutivo e sanitário, visando atingir a meta de aproximar os índices zootécnicos do valor ideal

Idade ao primeiro parto

A idade para o primeiro parto é outro índice zootécnico muito importante para uma boa composição do rebanho, pois tem influência nas categorias de animais.

Este índice nos diz sobre a eficiência dos sistemas de cria e recria das vacas.

Veja também: Boas práticas de manejo, cuidados, aleitamento e desmame de bezerras leiteiras

 Alguns fatores podem interferir neste índice, como:

  •       Genética
  •       Sistema de criação
  •       Sanidade do rebanho
  •       Nutrição

O ideal é que a idade do primeiro (IPP) parto ocorra aos 24 meses de idade e, para que isso aconteça, a novilha deve ser inseminada ou coberta entre os 13 e 15 meses de idade. É importante mencionar que o peso dos animais é um critério importante para o primeiro parto, os animais devem estar entre 80 a 85% do peso vivo (PV) dos animais da terceira lactação em diante, para isso devemos inseminar entre 50 a 60% do PV dos animais adultos. O ganho de peso da recria é o parâmetro principal para conseguir a IPP ideal, e com isso os animais comecem a pagar a conta mais cedo.

Categoria de animais

A quantidade de categorias de animais em um rebanho depende da idade ao primeiro parto, como explicaremos nos exemplos abaixo.

Um rebanho com a idade média ao primeiro parto de 24 meses, ou seja, o ideal. Se desconsiderarmos os machos, teremos 7 categorias no rebanho:

  •       Vacas em lactação
  •       Vacas secas
  •       Bezerras de 0 a 2 meses
  •       Bezerras de 2 a 6 meses
  •       Bezerras de 6 a 12 meses
  •       Novilhas de 12 a 18 meses
  •       Novilhas de 18 a 24 meses

Mas se analisarmos um rebanho com idade média ao primeiro parto de 27 meses, desconsiderando os machos, teremos 8 categorias:

  •       Vacas em lactação
  •       Vacas secas
  •       Bezerras de 0 a 2 meses
  •       Bezerras de 2 a 6 meses
  •       Bezerras de 6 a 12 meses
  •       Novilhas de 12 a 18 meses
  •       Novilhas de 18 a 24 meses
  •       Novilhas de 24 a 27 meses

Apesar de parecer pequena a diferença entre os exemplos, no segundo caso, com a idade do primeiro parto de 27 meses, teremos uma categoria a mais no rebanho sem produzir leite. Quanto mais tarde a idade do primeiro parto, maior a quantidade de novilhas no rebanho gerando custos e menor a porcentagem de vacas em lactação em relação ao rebanho total.

Além disso, outros benefícios da menor idade ao primeiro parto são:

  •       Retorno mais rápido do capital investido
  •       Redução dos custos com animais improdutivos
  •       Aumento da vida produtiva da fêmea
  •       Ganho genético mais rápido

Essa definição de categoria de animais do rebanho pode variar de acordo com a propriedade.

Índice de mortalidade

Este índice é importante porque as mortes são invevitáveis, mesmo tendo um bom manejo sanitário.

Os índices de mortalidade aceitáveis, por categoria, são vistos na seguinte tabela:

mortalidade por categoria

Fonte: Embrapa

Qual é a composição ideal de rebanhos leiteiros?

A composição do rebanho pode variar entre as fazendas levando em conta o manejo estabelecido, persistência de lactação dos animais e as taxas reprodutivas. Para te explicar de forma fácil, vamos a um exemplo…

Vamos imaginar um rebanho com 60 vacas em lactação. Agora vamos pensar que este é um rebanho com os índices ideais, ou seja, um manejo de cobrição aos 15 meses e primeiro parto aos 24 meses, com intervalo entre partos de 12 meses e período de lactação de 10 meses. 

Já sabemos que %VL/VT = 83% nessas condições ideias, como vimos anteriormente neste texto. Então, podemos concluir que essas 60 vacas em lactação correspondem a 83% do rebanho, certo?

Com isso, podemos descobrir quantas vacas secas temos no rebanho:

100% – 83% = 17% de vacas secas

E sabendo a porcentagem de vacas secas no rebanho, iremos descobrir o número de vacas:

nº de vacas secas = (%vacas secas X nº vacas em lactação) / % vacas em lactação

nº de vacas secas = (17 x 60) / 83

nº de vacas secas = 12

Para sabermos o total de vacas no rebanho, basta somar 60 (Vacas em lactação) + 12 (vacas secas), resultando em 72 vacas.

Composição do rebanho por categoria

Agora, conhecendo o nosso rebanho, vamos estimar o número e o percentual de animais em cada categoria. Para isso, devemos descobrir o número de partos por mês através do seguinte cálculo:

  • nº de partos por mês = total de vacas / Intervalo entre partos
  • nº de partos por mês = 72 / 12 
  • nº de partos por mês = 6

Isso significa que se considerarmos que haverá cobrições durante todo o ano e um índice de natalidade de 100%, teremos 6 partos por mês.

Aplicando esse mesmo raciocínio em todas as categorias, teremos os seguintes resultados:

numero de animais por categoria no rebanho

Fonte: Embrapa

Então, a composição completa do rebanho do nosso exemplo será a seguinte:

composição do rebanhoPodemos observar que neste exemplo o total de vacas corresponde a aproximadamente 50% do rebanho.

Com essas proporções, a propriedade terá animais jovens sufientes para a reposição anual do rebanho e para venda, caso queira.

Lembrando que neste exemplo usamos todos os índices ideais que devem servir de meta para as propriedade leiteiras que buscam a composição de rebanho estabilizado e com maior lucratividade.

Como monitorar a composição do rebanho?

Quando os indicadores apontam para uma baixa porcentagem de vacas em lactação, podemos inferir que há uma ineficiência no sistema produtivo. 

Por isso, é muito importante o monitoramento dos índices como idade do primeiro parto, intervalo entre partos e período de lactação, assim como outros índices produtivos e reprodutivos. E, além disso, é imprescindível que o produtor tenha um bom controle das ocorrências do rebanho, como cio, montas/inseminações, detecção de prenhez e etc. 

intervalo entre partos

Com o Smartmilk, além da facilidade do lançamento das ocorrências, no menu 3.11 você tem todas essas informações do seu rebanho para te auxiliar nas tomadas de decisões mais assertivas e baseadas em dados confiáveis.

intervalo entre partos

A análise da composição do rebanho nos permite traçar a evolução por meio de metas a serem atingidas, buscando ter os índices zootécnicos com valores ideais, visando determinada quantidade de produção de leite.

Quando essas metas são atingidas, alcançamos o que é chamado de ‘rebanho estabilizado’.

Conhecer a composição do seu rebanho, aliado a um bom manejo reprodutivo, sanitário e nutricional e um software de gestão que lhe ajude a tomar as me

A análise da composição do rebanho nos permite entender onde estamos. Com isso, podemos evoluir por meio de metas a serem estabelecidas conforme a realidade da fazenda, buscando ter os índices cada vez melhores. A composição do rebanho pode variar entre propriedades devido a vários fatores e estratégias, mas precisamos ter o máximo de eficiência possível em qualquer circunstância. Conhecer a composição do seu rebanho, aliado a um bom manejo reprodutivo, sanitário e nutricional e um software de gestão que lhe ajude a tomar as melhores decisões para o seu negócio é muito importante para que os resultados sejam de muito sucesso!

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Texto atualizado dia 26/06/2023 por Daisy Silva

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