Categoria: Gado de Corte

Taxa de lotação: o que é, como calcular e como impacta o desempenho do rebanho?

Data: 12/07/21

Autor: Julia Samaritano

Sabemos que o fator pastejo, ou seja, a dinâmica de entrar e sair com animais de uma determinada área, é de suma importância para manter a produtividade e a qualidade da forragem, além de preservar o solo da fazenda, seja na fase de implantação ou mesmo após a pastagem estabelecida. 

Quando essa lotação de animal na área é mal conduzida, podemos observar inúmeras consequências negativas.

Por outro lado, se é feito um ajuste na taxa de lotação, os ganhos/área melhoram e isso faz com que a fazenda tenha um bom giro de estoque.

Neste texto você vai entender o que é taxa de lotação, como calcular, qual o impacto no desempenho do rebanho e muito mais!

taxa de lotação

O que é taxa de lotação?

A taxa de lotação, nada mais é que, a relação entre o número de animais e a área ocupada por estes durante certo período. 

É um indicador que facilita o manejo correto do pasto, já que permite uma estimativa da quantidade de animais por área de pastagem e a estimativa da demanda de alimento por cada animal. 

Além desse índice, também é necessário que se analise a capacidade de suporte de uma determinada área, durante um determinado período de tempo, sem que se comprometa o desempenho dos animais, também conhecida como: máxima taxa de lotação.

Por exemplo: 

  • Se tivermos uma área de 60 hectares, com 300 cabeças, a taxa de lotação será de 5 cabeças por hectare. 

  • Já a capacidade de suporte seria a máxima taxa de lotação que a área de 60 hectares aguentaria sem prejudicar a produção. 

Sendo assim, a capacidade de suporte é variável conforme o tempo, em função dos fatores que podem causar alterações nas pastagens, como: disponibilidade de água, tipo de solo, nível de adubação, mudanças climáticas e espécies forrageiras.

ebook pastejo rotacionado

O essencial é que se tenha um pastejo ótimo, onde a taxa de lotação permanece próxima ao valor da capacidade de suporte

Porém, aqui no Brasil, é muito comum observarmos cenários onde estas taxas se encontram muito acima ou muito abaixo da capacidade máxima, provocando as condições conhecidas como: subpastejo e superpastejo.

Subpastejo

Condição onde a taxa de lotação está abaixo da capacidade de suporte, ou seja, há menos animais por área, permitindo que o animal apresente um maior consumo e selecione as partes mais nutritivas das plantas.

Nesse caso, ocorrerá maior ganho individual, porém, a produção por hectare ficará comprometida, devido à subutilização da área.   

Superpastejo

Ocorre quando a taxa de lotação é mais alta do que a capacidade de suporte, ou seja, mais animais por área. 

Nessa situação a “pressão de pastejo” se torna maior e o consumo por animal menor, já que o gado não consegue selecionar as melhores partes das plantas, levando mais tempo para se alimentar. 

taxa de lotação

Fonte: https://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc74/3avaliacao.html

Como calcular a máxima taxa de lotação? 

O método baseado na oferta de forragem por kg de peso vivo (PV) tem sido bastante usado para estimar a TL.

Seu princípio leva em consideração a quantidade de forragem que deve estar disponível por 100 kg de PV, sendo considerados como adequados:

  • Para sistemas extensivos ou semi-intensivos: 7% a 12% (7 a 12 kg)
  • Para sistemas intensivos: 6% a 9% (6 a 9 kg)

 1º passo 

 Devemos estimar o total de forragem disponível (MST), através do somatório da massa seca (MS) e da taxa de acúmulo (TA).

Determinação da matéria seca (MS)

Essa avaliação permite a estimativa da quantidade de capim disponível na área em termos de matéria seca.

Para isso, deve-se realizar um corte da forragem, ao nível do solo, em diversos pontos de amostragem do piquete (cinco pontos de amostragem a cada 10 hectares de área para pastagens uniformes). 

Depois, é necessário secar as amostras em estufa ventilada a 65°C ou utilizando um forno micro-ondas.

Deve-se colocar em um prato de papelão cerca de 300g de amostra de capim picado e colocar um copo de água no fundo do micro-ondas para não danificar o aparelho.

Lembre-se de descontar o peso do prato no momento da pesagem.

Selecione 5 minutos no micro-ondas, retire o prato, pese e anote o resultado. Remexa o material no prato e adicione mais 3 minutos no aparelho.

Retire, pese e anote novamente.

Continue com intervalos de 1 minuto de secagem, sempre remexendo a amostra, até que o peso fique constante.

Como exemplo, consideramos o valor de 1.300 kg de MS

materia seca

Foto: BRITO, Cristina – Disponivel em: Banco de Imagens Embrapa

Determinação da taxa de acúmulo (TA)

Para a determinação da taxa de acúmulo, também conhecida como taxa de massa seca acumulada, são necessárias avaliações repetidas no tempo, por meio de diferenças de massa entre a data de entrada e de saída dos animais.

Para isso, teríamos que:

taxa de acumulo

Entretanto, devido à dificuldade na obtenção desses dados, é aconselhável utilizar dados provenientes de pesquisas.

Nesse caso, tomaremos como base o trabalho de Teixeira et al. (2011), onde dados obtidos apontam os valores de 71,02 kg de MS/dia no verão e 8,41 kg de MS/dia na seca da forrageira Brachiaria decumbens

A partir disso, temos que:
taxa de acumulo

Considerando que o período de ocupação foi de 25 dias:

TA = 39,71 x 25 = 992,75 kg de MS

Determinação da massa seca total (MST)

A Massa seca total é resultado da soma da Massa seca (MS) com a Taxa de acúmulo (TA).

Então, podemos considerar que:

MST = 1.300 + 992,75  = 2.292,75  kg de MST

2º passo

Com a informação da MST, é possível estimar a Taxa de Lotação máxima:

  • MST por hectare – 2.292,75 kg
  • Área do pasto – 60 hectares
  • Dias de ocupação – 25 dias
  • Oferta de forragem – 10%
  • Peso vivo médio dos animais – 300 kg

 

Quantidade de matéria seca por hectare

 quantidade de materia seca por ha

PV / dia = 55.026kg para uma área de 60 hectares ou 917,1kg por hectare.

 

Para conhecermos a TL em animal/hectare:

animal por ha

Dessa maneira, podemos deduzir que a taxa de lotação máxima é de 3,057 animais de 300 kg por hectare.

Se considerarmos que os animais estejam consumindo 2,0% do seu PV de MS por dia (6,0 kg), o consumo de MS por hectare será de 18,342kg/dia, inferior ao volume produzido sugerido acima (39,71 kg de MS/dia), não comprometendo a oferta de alimento ao longo do tempo.

Essa condição permite que os animais selecionem as folhas de melhor qualidade.

No entanto, se considerarmos os valores do período da seca (8,41 kg de MS/dia), haveria animais em excesso, redução da oferta de alimentos, maior tempo de pastejo e consequentemente danos ao ganho de peso animal e às pastagens.

Nesse caso, seria necessário um ajuste da Taxa de lotação, para a diminuição do número de animais por hectare.

Como a taxa de lotação impacta o desenvolvimento do rebanho?

O estabelecimento e dimensionamento inadequado das pastagens, a ausência de práticas para conservação e compactação de solo, a falta de reposição de nutrientes, oscilações na oferta de água e o consumo excessivo das forragens por bovinos são os principais fatores causadores de degradação de pastagens.

Quando isso acontece, a qualidade nutricional fica comprometida, assim como o desempenho do rebanho.

Logo, o cálculo correto da quantidade de animais serve como pilar para a sustentabilidade do sistema de produção e garante um manejo mais adequado das pastagens e do rebanho. 

Isso garante o rendimento e a qualidade do pasto, com base em pastejo controlado, o suprimento eficaz de acordo com exigências nutricionais dos animais e o atendimento aos princípios do complexo solo-planta-animal-ambiente para a produção animal.

Para aprofundar um pouco mais no assunto, iremos explicar sobre o funcionamento do pastejo, sobre a divisão de pastos e sobre os tipos de sistemas de lotação

taxa de lotação bovinos

Funcionamento do pastejo

Para um bovino, quanto mais fácil a apreensão do alimento, maior será a eficiência do pastejo.

E se considerarmos que o consumo está diretamente relacionado com o desempenho, quanto melhor for a colheita, maior será o desempenho dos animais.

Um outro ponto muito importante a ser considerado é o ajuste na taxa de lotação durante o pastejo, de modo a garantir um número mínimo de folhas residuais para que a planta consiga se regenerar.

Isso se deve ao fato de a planta necessitar de certa quantia de folhas para captar luz, realizar fotossíntese (para produzir energia) e crescer.

Assim, para garantir a manutenção da pastagem através de uma rebrota de sucesso, é preciso entender e respeitar os limites fisiológicos da planta. 

Veja também: Tipos de manejo de Pastagem – Contínuo, Alternado ou Rotacionado?

Divisão de pastos

O tamanho dos pastos tem relação direta com os resultados financeiros do sistema produtivo de pecuária.

Afinal, a adequada divisão dos pastos garante o correto pastejo, auxilia no máximo aproveitamento do potencial de produção de forragem do pasto.

Pastos muito extensos sofrem com a irregularidade da pastagem.

Como os animais se deslocam com facilidade até 250m e tolera até 500m, pastos que tenham comprimento e largura maiores do que essas medidas, não serão bem aproveitados.

Veja também: 6 Passos para o dimensionamento de piquetes para bovinos de corte

Em pastos com dimensões acima do recomendado, durante o período das águas, o animal consegue se alimentar bem usufruindo mais ou menos de metade do pasto e não se desloca até o final, porque não há necessidade.

No entanto, na época das secas, esta área estará super pastejada, de porte baixo e pouca folha disponível. Fazendo com que a área do fundo do pasto, que não foi pastejada, esteja com capim todo sementeado e muito alto. Essa situação leva o animal a usufruir muito pouco desta forragem porque o material já estará de péssima qualidade.

Os problemas causados pelo tamanho inadequado dos pastos provocam a redução da área efetivamente empastada, devido a morte da pastagem e ao desgaste do solo no longo prazo, o que aumenta o custo/ha.

Também ocorrerá a diminuição do suporte da fazenda, que provocará a redução do rebanho, além de afetar o desempenho do mesmo.

Os gastos com limpeza do pasto e com a recuperação de áreas afetadas também deverão ser considerados, dependendo do nível de degradação.

pastagem degradada

Tipos de sistemas de lotação

Lotação rotacionada

É o sistema onde subdivide-se a área total em áreas menores (piquetes).

Essa divisão permite momentos de descanso, para que as áreas recém-pastejadas possam se recuperar e rebrotar novamente.

Nele utiliza-se a altura da pastagem como referência para saber o momento em que os animais deverão ser trocados de piquete.

Nesse método, prioriza-se o alongamento das folhas, para que ocorra uma boa captação de luz e uma eficiente rebrota.

Veja também: [PASSO-A-PASSO] Pastejo Rotacionado com Desponte e Repasse

Além disso, esse tipo de lotação permite uma colheita mais uniforme.

pastejo rotacionado

Exemplo fictício de rotacionado com manejo tradicional em piquetes de braquiária no Brasil central em novembro.

Lotação contínua

Ao contrário da lotação rotacionada, nesse sistema não há subdivisão de áreas, assim como não há alternância entre dias de descanso e dias de ocupação.

Nesse tipo de lotação, os animais têm acesso à toda a área que será pastejada, logo, há um menor controle sobre a desfolha e uma menor regularidade. 

Se o manejo for mal conduzido, a estrutura do pasto poderá ficar comprometida, afetando o desempenho do rebanho.

Como fazer a gestão e manejo do pasto?

Pensando em minimizar todos os problemas dos erros de manejo citados, a nossa equipe interna de desenvolvedores de sistemas direcionou seus esforços à criação do Prodap views Master.

Este software de gestão para a pecuária de corte da Prodap visa empoderar o vaqueiro e direcionar ao gestor os pontos que precisam ser melhorados nas atividades de rotina da fazenda, garantindo que o animal esteja em condições adequadas para expressar todo seu potencial produtivo.

Com o Prodap Views Master é possível fazer coletas de entrada, saída e de aferições de forma off-line.

Além disso, o vaqueiro lança mão da caderneta e todas as coletas de altura da forragem são feitas pelo celular, esse é um ponto bastante importante que já exclui a possibilidade de erro de anotação ou perda de informações.

Para fazer a medição, basta escolher três ou mais locais dentro do pasto, medir e registrar dentro do aplicativo do Prodap views Master que retornará com a média nesses dados. Veja:

manejo de pastagem

Quando estiver em área que possua conexão com a internet, os dados coletados serão sincronizados com a plataforma web e o gestor consegue analisar de onde estiver, de maneira visual e sistêmica, o que está acontecendo à campo.

O “retrato da fazenda” que o gestor tem com o Prodap views web permite que, de uma forma muito rápida, decisões sejam tomadas para corrigir possíveis problemas que com certeza afetariam o ganho de peso dos animais.

prodap views
Além disso, as informações coletadas a partir da altura da forragem permitem ajustar processos críticos, como:

  • Ajuste de lotação: onde você se certifica que a quantidade de capim no pasto está coerente com o peso dos animais, podendo estimar a capacidade média de suporte da safra e entressafra, evitando problemas como degradação de pastagem ou subpastejo.

  • Ajuste de módulos: sabemos que os módulos são caracterizados pelo conjunto de piquetes e que nem sempre  trabalhamos com o módulo fixo, ou seja, com o Prodap views Master você tem a possibilidade de manejar e alterar quantos piquetes terá dentro de cada módulo da fazenda.

  • Ajuste de período de pastejo: esse ponto é crucial principalmente na entrada do período das águas, quando o crescimento da forragem está muito vigoroso. O sistema indica para o  gestor que essa velocidade de crescimento da planta está alta e como tomada de decisão ele pode reduzir o período de pastejo dos animais naquela área. 

Com isso, todos os processos ligados ao manejo da pastagem serão otimizados de forma simples, ágil e segura, proporcionando oportunidades de melhoria dos resultados produtivos e financeiros do seu negócio.

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